Consumismo Cristão.




Por Cláudio Pinto Pr

Quando me converti estávamos no tempo em que os corinhos aos poucos substituíam os tradicionais hinos. Em meio a muita resistência, Vencedores por Cristo, Grupo Ecus, Asaph Borba, Adhemar de Campos e outros já marcavam a sua presença nos cultos e nas escolas dominicais. Cada corinho era ensaiado e tocado à exaustão de tal forma que todos decoravam as suas letras. Após o primeiro ano de execução, em todas as igrejas ouvia-se os mesmos cânticos, e os jovens se reuniam em intercâmbio para trocarem novos louvores entre si, enquanto eram adestrados para o ministério. Tempos bons em que o propósito principal era o de louvar a Deus e, 'se possível', ter algum retorno de sua criação para poder continuar a produzir.

Eram tempos em que os cristãos eram identificados nas ruas pelas roupas com que se trajavam e pelo pentear dos cabelos com birotes, e que o lugar comum das Bíblias era embaixo dos braços, e que era muito corajoso aquele que vestia uma camisa com dizeres cristãos, pois era olhado por todos como um louco.


Com o estouro do evangelho entre nós e a multiplicação de crentes, o louvor virou negócio e muito lucrativo; multiplicaram-se as bandas e os cantores e a quantidade de cânticos hoje é tão grande que um louvor é, no máximo, executado três vezes na igreja e, após, considerado como ultrapassado; os fiéis nem sequer chegam a aprender a letra e a música e já há outro entoando em seus ouvidos pelo menos por mais três semanas.



É triste dizer, mas o louvor virou consumo, e o que louva é mais louvado no que criou do que o próprio Criador de todas as coisas a quem supostamente se dirige. A pressa e o consumismo do mundo entraram com tudo no meio evangélico e o entretenimento tomou o lugar da adoração; na verdade o que adoramos hoje é mais a música em sua qualidade do que Aquele que deveria ser adorado.


E assim vamos louvando e levando avante o consumismo cristão, com uns adorando, e outros sendo adorados; uns consumindo, outros se consumando; e os sinceros sendo consumidos nessa barafúrdia toda.


Perdoem-me o excesso, mas no fundo tenho saudade do tempo em que eu era calmo sereno e tranqüilo, e saia de casa ostentando a minha Bíblia a me encontrar com a meia dúzia de cristãos que quando não tinham som nem instrumentos louvavam com suas vozes e seus hinários, ou livro de cânticos mimeografados e borrados, éramos poucos então, mas louvávamos muito e singelamente a Deus.


Fonte: Blog Meire-Reflexionar


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